5 tendências chinesas de negócios para ficar de olho em 2021

Fonte: Unsplash

Por Mariana Rodrigues, colaboradora da Foreseekers

Em 2020, a China foi um dos poucos países que conseguiram ter um PIB positivo e ainda conseguiu lançar tendências que moldaram o comportamento e a recuperação econômica de outros países. Em 2021, ela está novamente no caminho para ser um dos mercados mais promissores e a Foreseekers acredita que a inteligência artificial, desenvolvimento verde e e-commerce ocuparão lugares de destaque.

O Ano do Boi mal começou e o horóscopo chinês já fez a previsão: Este é o ano das inovações!  Aspectos futuristas e tecnológicos não vão faltar, contudo, fique atento à improvisação. Não é hora de contar com a sorte. As maiores chances de sucesso estarão em ações bem planejadas e estruturadas.

A crise gerada pela emergência do novo Corona Vírus afetou muitos negócios e colocou até as economias mais desenvolvidas em xeque, no entanto, ela também foi responsável por implementar uma estrutura digital mais ampla que promoveu, e continuará promovendo em 2021, novos modelos de negócios. A China, com advento da SARS e as restrições da época, iniciou a transição para o modelo digital um pouco antes, em 2003, e isso fez toda a diferença quando o COVID-19 surgiu. Não é à toa que a China foi um dos poucos países que tiveram um PIB positivo em 2020 e ainda conseguiu lançar tendências que moldaram o comportamento e a recuperação econômica de outros países.

Neste ano, a China está novamente no caminho para ser um dos mercados mais promissores, e ela provavelmente continuará ditando as tendências globais principalmente nos âmbitos da inteligência artificial, desenvolvimento verde e e-commerce. Como o Ano do Boi já promete um ambiente favorável à inovação, mas devemos incorporá-la de maneira estruturada e organizada, vamos conferir as 5 tendências tech chinesas para você preparar os seus negócios em 2021!

1) POPULARIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

As inovações nesta área têm ganhado cada vez mais espaço nos últimos anos. Não só as pesquisas aumentaram, como também as evoluções tecnológicas permitiram que a IA se tornasse cada vez mais acessível. Sua aplicação nos campos da medicina, engenharia neural e agronegócio são as mais novas tendências levantadas pela Alibaba DAMO Academy.

Na medicina, a IA tem sido amplamente adotada para interpretar imagens médicas e gerenciar registros, além disso, a vertente que ajuda no desenvolvimento de vacinas e pesquisas clínicas já está em fase piloto.

A nova agricultura que utiliza tecnologias digitais para analisar dados e controlar a produção já é uma realidade. Estamos cada vez estamos mais dependentes dos dados e menos sujeitos às condições climáticas. Na China, o grupo Alibaba utilizou sua tecnologia de Blockchain para monitorar o transporte e a segurança de produtos agrícolas e mostrou como abordar o gap entre o planejamento, a produção e a venda desse tipo de produto.

Doutor Assistente AI, robô que utiliza IA para diagnosticar pacientes e passar receitas. Desenvolvido pela chinesa iFlytek. Fonte: Xinhua.
Doutor Assistente AI, robô que utiliza IA para diagnosticar pacientes e passar receitas. Desenvolvido pela chinesa iFlytek. Fonte: Xinhua.

2) DIGITALIZAÇÃO DA CADEIA DE VALORES

O digital veio para ficar. Não só o advento da pandemia, mas também a crescente necessidade de velocidade e de armazenamento para o enorme volume de dados criados diariamente, vem incentivando as empresas a digitalizar seus processos.

Sendo a cadeia de valores o conjunto de atividades que geram e agregam valor ao produto e englobam diversos níveis operacionais, gerenciais e estratégicos, ela não poderia ficar de fora desse movimento. Devido a sua amplitude, complexidade e quantidade de informações, o gerenciamento manual destas atividades está fora de questão, assim, surgem soluções baseadas em IA que otimizam os diversos custos envolvidos e ainda são autônomos. Os chips, plataformas e aplicativos nativos da “nuvem” são um exemplo.

A chinesa BOE Technology Group, uma das maiores produtoras de LCD, OLEDs e painéis flexíveis do mundo investiu em um sistema de desktop em nuvem para trazer mais agilidade, segurança e redução de custos. A princípio, a BOE utilizava sistemas “tradicionais” que eram dispendiosos e não tão seguros, já que os usuários conseguiam salvar informações em seus dispositivos pessoais. Com a mudança, a empresa pôde oferecer mais velocidade aos crescentes 4.000 usuários do sistema, reduzir as demandas da equipe de TI – otimizando, consequentemente, seus custos – e trazer mais segurança para os seus dados, já que agora o gerenciamento deles é feito de forma centralizada em um data center.

3) DESENVOLVIMENTO VERDE

O desenvolvimento sustentável é um objetivo global. Mais do que nunca, precisamos pensar em nosso planeta e o legado que deixaremos para as futuras gerações. Para isso, vários países estão tomando atitudes, em diversos níveis, para superar as externalidades negativas que se intensificaram desde a revolução industrial e promover um ambiente mais sustentável.

A China, que de acordo com a Divisão de Estatísticas das Nações Unidas respondeu por 28% da produção global em 2018 e foi o país que mais gerou CO2 no mesmo ano, não poderia ficar de fora desse movimento global.

De acordo com a consultoria Daxue, desde 2007 o Partido Comunista vem pedindo às empresas que ajam de forma mais ecológica e, recentemente, iniciou várias políticas para fomentar tais atividades: políticas de promoção de produtos verdes, subsídio para produtos que economizam energia, vantagens fiscais para veículos de baixa poluição e financiamento do mercado de produtos verdes. Além do partido, a atuação das ONGs ambientais também tem impactado a maneira como a sociedade aceita e consome esses produtos. Elas orientam os consumidores a escolher produtos verdes, expandem a consciência ambiental e aumentam a disposição a consumir tais produtos.

Essas ações em conjunto, incentivam o público a consumir mais produtos verdes e a exigir que as empresas tenham uma maior responsabilidade ambiental. Essa é uma tendência, e o discurso do presidente Xi Jinping anunciando a neutralidade de carbono na China até 2060 impulsiona ainda mais o mercado de produtos verdes.

Para as empresas que estão atentas às mudanças do mercado e focadas no desejo do consumidor, essa é uma ótima oportunidade de atrair clientes e cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo.

Ant Forest, um jogo que recompensa os usuários que se engajam em atividades com uma pegada de baixo carbono. Disponível no aplicativo Alipay. Fonte: Alizila

 

4) LIVESTREAMING

Apesar das lojas digitais estarem muito presentes no dia a dia dos chineses, a loja física não deixava de ter sua relevância. Assim, quando a pandemia chegou, os lucros caíram e, para sobreviver, as lojas tiveram que focar nas operações via online. O livestreaming, uma função dentro de aplicativos como Taobao, Kuaishou e iQiyi que faz transmissões ao vivo, foi a mais escolhida e salvou a vida de muitas empresas durante o período de lockdown.

A Intime, principal rede de lojas de departamento na China, viu seus lucros se reduzirem com a chegada da pandemia. No entanto, ela rapidamente transformou o livestreaming em uma de suas principais ferramentas de e-commerce e, em pouco tempo, conseguiu alavancar seus pedidos e compensar perdas. Embora a loja já fizesse o uso da ferramenta, ela aumentou o número de transmissões diárias para 200, em média, e a associou com ações offline. Desta maneira, após a liberação do comércio, a loja viu um aumento de 50% no trafego de pessoas na loja.

O livestreaming ganhou relevância e muitos eventos, como Shanghai Fashion Week, foram realizados desta maneira e faturaram alto! Segundo o ChoZan Mega Report 2020, em março de 2020, 40% da população chinesa – ou seja, 560 milhões de pessoas – eram usuários da transmissão ao vivo na China e era esperado que o tamanho desse mercado dobrasse para 961 bilhões de Reminbis ainda em 2020.

O relatório ainda menciona: “O livestreaming não é mais uma opção, mas uma necessidade” e pelo andar da carruagem e com as novas funcionalidades de tradução simultânea e host virtual, a perspectiva é que esse mercado só cresça e a tendência se expanda para outros países.

 

5) SOCIAL COMMERCE

O crescente uso dos dispositivos móveis e das redes socias vem fomentando um novo tipo de e-commerce, o social commerce. Este, é uma subcategoria do comércio digital que ocorre dentro das plataformas de mídias sociais e vem ganhado cada dia mais adeptos. Sua muito bem estruturada interação com a própria plataforma, junto com o crescente uso desses apps para diversos fins e a possibilidade de deixar seu comentário sobre o produto e o vendedor, vem tornando essa modalidade uma tendência.

Na China, o extenso uso dessas plataformas remodelou o cenário do e-commerce, afetando tanto a forma como as pessoas compram quanto a maneira que os vendedores anunciam e vendem seus produtos. A Fundação Ásia-Pacífico do Canadá afirma que são três os fatores mais relevantes para o êxito deste modelo de e-commerce na China: Um ecossistema de comércio eletrônico bem desenvolvido, uma grande quantidade de usuários de internet que se conectam por meio de dispositivos móveis e as ferramentas de pagamento móvel e código QR.

Sem dúvida, os Millenials e a geração Z têm impulsionado o crescimento do social commerce, e tal sucesso vem atraindo a atenção dos investidores chineses. A FBIC Group avalia, hoje, a dimensão do mercado de social commerce na China em 1.657,8 bilhões de remimbis e estima um crescimento de mais de 45% até 2022, atingindo 2.419,4 bilhões de remimbis.

Opinião de Shaun Rein sobre o futuro do social commerce. Fonte: FBIC Group.

 

Quer ficar ainda mais por dentro do que está acontecendo na China? Então não deixe de conferir nossos últimos artigos:  E-CNY: A nova moeda digital chinesa e Taobao live, social commerce and livestreaming.

Fontes: Alizila, Hitachi Vantara, Statista, Daxue Consulting, FBIC group, China Skinny, Jing daily, Insights TUV, Asia Pacific CA, ChoZan e UNSD.

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